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Mulher; vegetariana; atriz de teatro; e muito mais: Cíntia Vieira

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  • Princesas modernas; Andar em perna de pau é imitar a vida; O uso do microfone; A expressão coporal; Você faz teatro?; Puxa! Não façam isto!; O ganha pão pode vir da alma; O que eu chamo de relação burguesa; etc.
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terça-feira, 10 de julho de 2012

O que eu chamo de verdadeira relação burguesa

Texto escrito em 2009: O que eu chamo de verdadeira relação burguesa
Esta semana alguém me falou de uma sociedade doente e burguesa aonde todo mundo faz tudo sempre igual com uma fórmula fracassada. Isto me fez pensar em muitas coisas que são jogadas para baixo do tapete como vi em um quadro do Salvador Dali.
Desde os meus 16 anos comecei a namorar e descobri a relação burguesa.
Para mim, mais do que a família burguesa tradicional e chata existe a “relação burguesa” que nada mais é do que o “corporativismo” masculino, a “ética” masculina, o “código” dos machos!
Como tenho 36 anos, passei 20 anos tentando encontrar na espécie masculina um ser único, diferente que não acreditasse nesta relação macho falida, cujo lema é: “- homem é assim, eu sou homem. Errar é humano.” Como se isto justificasse tudo e todas as suas fraquezas.
Os homens são seres iluminados, fortes, viris, protetores, almas lindas, amigos de verdade, mas quando se trata de amar uma mulher vestem: A MÁSCARA! Eu chamo de máscara aquele rosto que lhe diz que lhe ama, que é fiel a você, que lhe fala toda verdade, que você completa e supre todas as “necessidades” dele e que com VOCÊ ele será diferente do que sempre foi com as outras. Ele não está dizendo uma mentira, ou lhe enganado, é pior que isto, ele está tentando ser amado. Mas dentro dele, ele sabe que mais uma vez ele está no amor da relação burguesa. E quem você vai amar? Um personagem! Não alguém falso, mas você vai amar o que ele gostaria de ser para você, mas não é. A sociedade faz a forma e ele acredita que ele nasceu assim.
Encontrar amigos (primatas) no bar, fazer churrasco (assar a caça), jogar ou ver futebol (correr atrás da caça), contratar prostitutas (sexo animal de poder), happy houer toda semana entre homens (roda em volta da fogueira) e a pior de todas, achar que as despedidas de solteiro não são traição. Aliás, eles acham que não é traição se não envolver sentimento, por isso não aceitam quando mulher trai, porque acham que a mulher só trai se está “apaixonada”. Tem também o que acha que traição apimenta a relação, quebra rotina, ou lhe ajuda a sair de um casamento falido.
Ainda tem o raro macho que gosta de estar sozinho. Este mesmo não tendo esta roda de amigos, tem um só amigo ou O Amigo Imaginário, com o qual ele conversa por horas e cuja qual sempre lhe aconselha a seguir seus instintos mais básicos.
Puxa, até quando estes estereótipos vão valer para pessoas evoluídas? Até quando estas muletas vão servir para os machos capengas de amor?
Todos falam em salvar o planeta, salvar a política, salvar as pessoas que passam fome, mas ninguém fala em salvar as pessoas destas relações macho burguesas de máscaras!
O máximo que nós mulheres conseguimos durante séculos, foi pensar que a traição era permitida por que
“homem é assim mesmo, mas sou eu que ele ama”! O máximo que nós mulheres conseguimos pensar nos dias de hoje é que devemos fazer igual e para isso pegamos emprestadas as máscaras deles. Tudo doença, tudo sombra.
Mas o que as fêmeas podem fazer a não ser brigarem entre si pelo “seu homem” e serem cada vez menos “corporativas” e mais competitivas?
Foram 20 anos de busca, 20 anos tentando despertar o melhor no meu companheiro do momento. Inutilmente. Porque eles não poderiam quebrar uma promessa, quebrar um código que todos esperam deles. Promessa que inclui falar algo lindo para sua “amada” e outra coisa bem diferente entre o seu clã de machos “em evolução”. É incrível, mas você pode ver homens maravilhosos, professores da vida, espiritualizados, pais amorosos, maridos enamorados, falando em uma mesa de bar coisas como: comi; fodi; trepei; bah, feijão com arroz todo dia não dá; vou negar o que fiz até a morte; minha mulher jamais pode saber; etc...
Os homens oferecem o melhor deles, carinho, fidelidade (momentânea), amizade, mas NUNCA A VERDADE! E qual verdade? Dizer na cara: “- Lamento amor, mas faço parte da religião, grupo, nação, clã dos machos... Uga Uga....e chegará o dia em que “mim” não poder recusar as que se oferecem..Uga Uga...mim...quer comer mulher...uga uga ...um dia isto vai gritar dentro de mim..uga!!!!”
Eu queria tanto que fosse diferente, que durante anos menti para mim mesma, que se eu fosse fiel, amorosa, dedicada, verdadeira eu atrairia e mereceria alguém assim. Na verdade eu mereço, mas será que terei? O “instinto” fala mais alto, a relação burguesa dos machos é muito mais forte que eu imaginei. E como para serem amados pelas mulheres eles teriam que romper com os homens e principalmente com o seu melhor amigo, o Sr. Pênis, eu entrego os pontos.
Caso você não possa vencê-los, junte-se a eles. E é o que a maioria das mulheres tem feito. Dão o troco. Algumas não fariam por vingança, nem por medo ou instinto feminino de querer ser caçada e possuída, mas por cansaço e necessidade de amar um deles, pois tendo o mesmo comportamento, podem aceitar este comportamento neles.
Antigamente eu pensava que existiam três opções: 1 aceitar que ele vai deitar ao meu lado uma noite destas depois de ter experimentado outra mulher, com aquele pensamento: ninguém nunca vai saber e foi só sexo; 2 acreditar que ele nunca faria isto, e se fizesse a culpa o mataria; 3 a vingança feminina, antes, durante e depois. Mas hoje eu penso que só tem uma saída:
Homens e mulheres se amarem, acordarem, evoluírem, e acreditar que a monogamia traz algum beneficio na alma. E que ela deve ser trabalhada, treinada, é uma mudança de caráter! Eu sei, é utopia! Este texto já é uma tentativa de ligar este botão em alguém! Eu sei, muitos machos dirão que é egoísmo querer tirar este “companheirismo” dos homens! Mas alguém acredita que eles podem romper com isto e jogar a máscara fora se continuarem unidos e apoiados pela sociedade?
Então, enquanto as coisas não mudam, façamos o seguinte: mulheres parem de educar seus meninos como se fossem pênis ambulantes! E de vez em quando, muito de vez em quando, cheguem em casa depois de ter experimentado outro homem e pensem que seu companheiro nunca vai saber e que tudo foi só sexo. Ele é quem você realmente ama. Assim, seu ciúme vai diminuir e você vai conseguir perdoá-lo e pode até por alguns momentos se sentir feliz nesta relação doente. Mas é isto que é amor? Isto é queremos para os homens e mulheres deste século? Acordem! Fora a guerra dos sexos e machismo! O amor só existe se há fidelidade mutua.
Bem, em resumo, a verdadeira “relação macho burguesa”, mata o verdadeiro amor!

Cíntia.
03/07/2009.

Oficina de Teatro com a atriz Cíntia Vieira