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Mulher; vegetariana; atriz de teatro; e muito mais: Cíntia Vieira

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  • Princesas modernas; Andar em perna de pau é imitar a vida; O uso do microfone; A expressão coporal; Você faz teatro?; Puxa! Não façam isto!; O ganha pão pode vir da alma; O que eu chamo de relação burguesa; etc.
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Texto antigo escrito em julho de 2009.


O que eu chamo de relação burguesa
Esta semana alguém me falou de uma sociedade doente e burguesa aonde todo mundo faz tudo sempre igual com uma fórmula fracassada. Isto me fez pensar em muitas coisas que são jogadas para baixo do tapete como vi em um quadro do Salvador Dali.
Quando comecei a namorar descobri a existência da relação burguesa.
Claro, nem todas as relações são deste tipo, existem as raras relações de verdadeiro amor. Mas a maioria das relações adoeceu com o patriarcado.
Para mim, mais do que a família burguesa tradicional e chata, existe a “relação burguesa” que nada mais é do que o “corporativismo” masculino, a “ética” masculina, o “código” dos machos!
Passei muitos anos tentando encontrar na espécie masculina um ser único, diferente que não acreditasse nesta relação macho falida, cujo lema é: “- homem é assim, eu sou homem. Errar é humano.” Como se isto justificasse tudo e todas as suas fraquezas.
Os homens são seres iluminados, fortes, viris, protetores, almas lindas, amigos de verdade, mas quando se trata de amar uma mulher vestem: A MÁSCARA! Eu chamo de máscara aquele rosto que lhe diz que lhe ama, que é fiel a você, que lhe fala toda verdade, que você completa e supre todas as “necessidades” dele e que com VOCÊ ele será diferente do que sempre foi com as outras. Ele não está dizendo uma mentira, ou lhe enganado, é pior que isto, ele está tentando ser amado. Mas dentro dele, ele sabe que mais uma vez ele está no amor da relação burguesa.
E quem você vai amar? Um personagem! Não alguém falso, mas você vai amar o que ele gostaria de ser para você, mas não é. A sociedade faz o modelo e ele acredita que  nasceu assim.
Ainda agem como primitivos. Encontrar amigos (primatas reunidos) no bar, fazer churrasco (assar a caça), fascínio por futebol (correr atrás da caça), contratar prostitutas (sexo animal de poder), happy hour toda semana entre homens (roda em volta da fogueira) e a pior de todas, achar que as despedidas de solteiro não são traição. Aliás, eles acham que não é traição se não envolver sentimento, por isso não aceitam quando mulher trai, porque acham que a mulher só trai se está “apaixonada”. Tem também o que acha que traição apimenta a relação em casa, quebra rotina ou lhe ajuda a sair de um casamento falido.
Ainda tem o raro macho que gosta de estar sozinho. Este mesmo não tendo esta roda de amigos, tem um só amigo ou O Amigo Macho Imaginário, com o qual ele conversa por horas e cuja qual sempre lhe aconselha a seguir seus instintos mais básicos.
Puxa, até quando estes estereótipos vão valer para pessoas evoluídas? Até quando estas muletas vão servir para os machos capengas de amor?
Todos falam em salvar o planeta, salvar a política, salvar as pessoas que passam fome, mas ninguém fala em salvar as pessoas destas relações macho burguesas de máscaras!
O máximo que nós mulheres conseguimos durante séculos, foi pensar que a traição era permitida por que “homem é assim mesmo, mas sou eu que ele ama”! O máximo que nós mulheres conseguimos pensar nos dias de hoje é que devemos fazer igual e para isso pegamos emprestadas as máscaras deles. Tudo doença e  sombra. Somos animais sim, mas em evolução.
Mas o que as fêmeas podem fazer a não ser brigarem entre si pelo “seu homem” e serem cada vez menos “corporativas” e mais competitivas?
Sinto como se eles não pudessem quebrar uma promessa, quebrar um código que todos esperam deles. Promessa que inclui falar algo lindo para sua “amada” e outra coisa bem diferente entre o seu clã de machos “em evolução”. É incrível, mas você pode ver homens maravilhosos, professores da vida, espiritualizados, pais amorosos, maridos enamorados, falando em uma mesa de bar coisas como: comi; fodi; trepei; feijão com arroz todo dia não dá; vou negar o que fiz até a morte; minha mulher jamais pode saber; etc...
Os homens oferecem o melhor deles, carinho, fidelidade (momentânea), amizade, mas NUNCA A VERDADE! E qual verdade? Dizer na cara: “- Lamento amor, mas faço parte da religião, grupo, nação, clã dos machos... Uga Uga....e chegará o dia em que “mim” não poder recusar as que se oferecem..Uga Uga...mim...quer comer mulher...uga uga ...um dia isto vai gritar dentro de mim..uga!!!! E não sei mudar!"
Eu queria tanto que fosse diferente, que cheguei a acreditar na lei da ação e reação. A mulher sendo fiel, amorosa, dedicada, verdadeira, atrairia e mereceria alguém assim.
Mas na verdade a justificativa social é que o “instinto” fala mais alto, ou seja, a relação burguesa dos machos é muito mais forte que eu imaginei. E como para serem amados pelas mulheres eles teriam que romper com os homens e principalmente com o seu melhor amigo, o Sr. Pênis, eles mentem.
Talvez a solução seria entregar os pontos.Caso você não possa vencê-los, junte-se a eles. E é o que a maioria das mulheres tem feito. Dão o troco. Algumas não fazem por vingança, nem por medo ou instinto feminino de querer ser caçada e possuída, mas por cansaço e necessidade de amar um deles, pois tendo o mesmo comportamento, podem aceitar este comportamento neles.
Antigamente eu pensava que existiam três opções para as mulheres: 1) aceitar que ele vai deitar ao seu lado uma noite destas depois de ter experimentado outra mulher, com aquele pensamento: ninguém nunca vai saber e foi só sexo; 2) acreditar que ele nunca faria isto, e se fizesse a culpa o mataria; 3) a vingança feminina devia existir, antes, durante e depois.
 Hoje eu penso que só tem uma saída: homens e mulheres se amarem, acordarem, evoluírem, e acreditar que a monogamia traz  beneficio na alma. Ela deve ser trabalhada, treinada, é uma mudança de caráter! Eu sei, é utopia! Este texto é utópico porque é uma tentativa de ligar este botão em alguém! Eu sei, muitos machos dirão que é egoísmo querer tirar este “companheirismo” dos homens! Mas alguém acredita que eles podem romper com isto e jogar a máscara fora se continuarem unidos e apoiados pela sociedade? Apoiados por nós mulheres e pela nossa falta de união?
Então, enquanto as coisas não mudam, façamos o seguinte: mulheres parem de educar seus meninos como se fossem pênis ambulantes! E não os eduquem seus filhos e filhas com direitos e deveres diferenciados. Dêem bonecas e carrinhos para meninos e meninas! Ambos se preparando para uma vida de cuidar do lar, dos filhos, do trabalho, do carro, etc.
E quem sabe devam de vez em quando, muito de vez em quando, chegar em casa depois de ter experimentado outro homem e pensar que seu companheiro nunca vai saber e que tudo foi só sexo. Ele é quem você realmente ama. Assim, seu ciúme vai diminuir e você vai conseguir perdoá-lo e pode até por alguns momentos se sentir feliz nesta relação doente.
Mas é isto que é amor? É isto que queremos para os homens e mulheres deste século?  Acordem! A vida seria melhor sem a guerra dos sexos, sem o machismo e sem o rótulo de feminista para quem quer a igualdade! A sociedade ainda aceita, estimula e compreende os homens "mulherengos", mas  homens e mulheres aceitam as mulheres que traem? Mulheres também tem "instintos" de caça! Enfim, o amor completo só existe se há fidelidade mutua.
Na verdade eu ainda acredito no ser humano e no merecimento de quem respeita o próximo. Fidelidade de corpos é uma prova de verdadeiro amor e amizade. Não fazer para o outro o que não quer que o outro faça para você. Dizer não a aventura banal e aventurar-se no amor íntegro.
Bem, em resumo, a verdadeira “relação macho burguesa”, mata o verdadeiro amor!

Cíntia.
03/07/2009.

2 comentários:

  1. Acredito, numa sociedade doente, onde o machismo ponderá e domina. Sim domina nos mais recônditos aspectos humanos e está incrustada em hábitos que afloram a sociedade, e que vemos nas relações homem e mulher.
    Mas vejo, que está havendo rompimento do lado machista aos poucos, a mulher tem conseguido com passos de formiguinha isso. Mostrando que homem pode ser um ser sensível sem perder a virilidade.
    Na relação homem e mulher, não deve imperar somente o lado do homem, e não deve somente prevalecer o lado da mulher. Mas uma harmonia entre os dois,sabendo que há espaço e uma junção de duas esferas diferentes, sem que aniquile um ao outro, mas que complemente. Amor , confiança e respeito das diferenças. Pois sem isso não há harmonia. Devemos olhar os dois não como algo que não pode dar certo, mas como algo possível sim, e que a verdade que a sociedade aos poucos está despojando do asco que se imbuiu ao longo dos milênios da burquesia machista, para imperar a igualdade e o amor. Temos muito que avançar,aprender a amar é o primeiro passo para tal. Não sabemos tanto homem ou mulher a conjugar verdadeiramente o verbo amar, como se deve. A verdade é relativa e vem com nossa evolução! Então a verdade é parcial.Cabe a nós criaturas, ir em busca da verdade e ir modificando nossos atos e pensamentos. Esse processo é lento, pois evoluir traz dor, como consequência traz desequilibrios. Então, numa relação isso podederá ocorrer e os conflitos aparecer.
    Tem que haver uma compreensão disso tudo, e ambos estarem cientes, para que esse choque inevitável que todos temos, que não afeto a relação. Nunca vamos encontrar em outra pessoa alguém pronto para nossos anseios e se encaixar maravilhosamente bem. Isso é uma utopia!!! Nós mesmos estamos em constante transformação. Como falei acima, o respeito e saber que todos somos seres que estão em constante mutação de caráter e até de humor. Mas nem por isso devemos deixar que afete um ao outro, aceitando o ritmo de cada um, e as diferenças, pois cada ser é um universo único. Eis ai o Amar o Próximo como a ti mesmo!!!!

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  2. O biólogo Chileno Humberto Maturana dizia que antes a nossa cultura patriarcal onde o centro é o Pai, o poder, a competição e a força existia uma cultura a qual ele chamou de Matrística onde o centro era o feminino, mas não com um homem subjugado. Prevalecia o lado positivo do feminino, ou seja, a sensibilidade, a fluidez, o afeto, a expressão. Uma rotina de equanimidade e respeito, tipo aquele povo de Pandora do filme Avatar. Lembra?

    O homem criou as fronteiras e as cercas para manter a caça por perto. A força bruta tomou conta, a propriedade privada foi criada e a partir daí a mulher (menos força física) perdeu seu espaço e o homem governou o mundo.

    A esperança está nas ações individuais, cada um refletindo sobre sua própria vida. A cultura é dura e não muda do dia para a noite, pequenas ações são sementes para um futuro melhor.

    Parabéns pelo texto!

    Rodrigo

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